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segunda-feira, 11 de março de 2013

Primeiro longa-metragem pernambucano com audiodescrição é exibido no Cine São Luiz



Publicação: 11/03/2013 22:47 Atualização: 11/03/2013 23:07
Segunda-feira (11), dia de exibição de filme no Cinema São Luiz, na Boa Vista e um dia antes do aniversário de Recife e Olinda. Dois homens chegam e são levados para a sala por um funcionário do cinema. Eles descem a rampa em direção às cadeiras. Neste percurso, tocam as paredes e sorriem. Depois sentam. Os dois são deficientes visuais e aguardavam a exibição, gratuita, de “Era uma vez eu, Verônica”, o primeiro longa-metragem do estado com audiodescrição.  A técnica foi feita ao vivo e consistiu na narração do cenário de cada cena.

Independência. Este foi o significado que a sessão teve para o coordenador do Comitê de Acessibilidade e Inclusão da Chesf e deficiente visual,  Manuel Aguiar, 65 anos. “Nos filmes sem a audiodescrição as cenas são traduzidas pela minha companheira, mas por mais que seja discreto, incomoda de alguma maneira. Também acabo perdendo alguma coisa do filme porque ela não é especializada em fazer a tradução e às vezes não consegue descrever a tempo. Deveria ter o recurso em todos os filmes”, contou Aguiar.

A adaptação da produção exigiu 40h de trabalho e rendeu cerca de 70 páginas e 500 linhas de audiodescrição só na primeira fase (o roteiro). A ideia começou a ser maquinada pelo diretor do filme Marcelo Gomes ainda no ano passado, após o festival de cinema de Brasília. “Em setembro ganhei o prêmio vagalume e isso me despertou porque foram deficientes visuais que, sem o auxílio da audiodescrição, escolheram o melhor filme. Assim que retornei entrei em contato com um professor da UFPE e iniciamos os estudos”, afirmou Gomes.  A previsão, segundo o diretor, é que o longa com audiodescrição, seja lançando em DVD no segundo semestre de 2013.

A sessão não lotou- teve cerca de quarenta pessoas- mas, o professor de audiodescrição da UFPE e um dos organizadores, Francisco Lima, se disse satisfeito porque a iniciativa funcionará como um incentivo para outras pessoas. Critico, ele afirmou que o desafio para que haja mais inclusão é superar três problemas. “O primeiro é o apoio dos órgãos financeiros. Os cinemas não comerciais são feitos a duras penas. Falta também a conscientização dos produtores e por fim, a educação do povo. Não temos a cultura de ir ao cinema e teatros”, arrematou. Para ele, o cinema comercial ainda não identificou que também poderia lucrar com filmes direcionados para pessoas que não enxergam. “Em Pernambuco somos mais de 1 milhão de pessoas e no Brasil cerca de 45 milhões. Isso é um mercado amplo que eles estão perdendo, além de ser inclusivo”, disse Lima.

Outro motivo que deu um "empurrão" para a realização da sessão, segundo o diretor de Equipamentos Culturais da Fundarpe, André Araripe, foi que há 15 dias, o Ministério Público de Pernambuco convocou os servidores para discutir acessibilidade. “Foi uma intimação após uma denúncia. Uma deficiente auditiva fez uma queixa porque foi a um cinema da cidade e o filme não tinha legenda”, disse. "Para suprir a ausência de inclusão social, a Fundarpe busca parcerias com os produtores", acrescentou Araripe. Mesmo assim, o problema é só aponta do iceberg.

Fonte: Diário de Pernambuco

domingo, 3 de março de 2013

Exumação de D.Pedro I e suas mulheres reconta a História


Pela primeira vez em quase 180 anos foram exumados para estudos os restos mortais de Dom Pedro I, o primeiro imperador brasileiro, e de suas duas mulheres: as imperatrizes Dona Leopoldina e Dona Amélia. Os exames, realizados em sigilo entre fevereiro e setembro de 2012 pela historiadora e arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel, com o apoio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, revelam fatos até então desconhecidos da família imperial brasileira e compõem um retrato jamais visto dos personagens históricos, cujos corpos estão na cripta do Parque da Independência, na zona sul da cidade, desde 1972.

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Tomografia dos restos mortais
A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo acompanha os estudos de Valdirene desde 2010, quando a historiadora e arqueóloga conseguiu autorização dos descendentes da família imperial para exumar os restos mortais. Na segunda-feira (18), ela apresentou sua dissertação de mestrado no Museu de Arqueologia e Etnologia da USP.

Ivo Gonçalves MaiaEd Cavalcante
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Agora se sabe que o imperador tinha quatro costelas fraturadas do lado esquerdo, o que praticamente inutilizou um de seus pulmões - fato que pode ter agravado a tuberculose que o matou, aos 36 anos, em 1834. Os ferimentos constatados foram resultado de dois acidentes a cavalo (queda e quebra de carruagem), em 1823 e 1829, ambos no Rio.
No caixão de Dom Pedro, nova surpresa: não havia nenhuma comenda ou insígnia brasileira entre as cinco medalhas encontradas. O primeiro imperador do Brasil foi enterrado como general português, vestido com botas de cavalaria, medalha que reproduzia a constituição de Portugal e galões com formato da coroa do país ibérico. A única referência ao período em que governou o Brasil está na tampa de chumbo de um de seus três caixões: a gravação Primeiro Imperador do Brasil, ao lado de Rei de Portugal e Algarves.
Ao longo de três madrugadas, os restos mortais da família imperial foram transportados da cripta imperial, no Parque da Independência, à Faculdade de Medicina da USP, na Avenida Doutor Arnaldo, onde passaram por sessões de até cinco horas de tomografias e ressonância magnética. Pela primeira vez, o maior complexo hospitalar do País foi usado para pesquisar personagens históricos - na prática, Dom Pedro I, Dona Leopoldina e Dona Amélia foram transformados em ilustres pacientes, com fichas cadastrais, equipe médica e direito a bateria de exames.
No caso da segunda mulher de Dom Pedro I, Dona Amélia de Leuchtenberg, a descoberta mais surpreendente veio antes ainda de que fosse levada ao hospital: ao abrir o caixão, a arqueóloga descobriu que a imperatriz está mumificada, fato que até hoje era desconhecido em sua biografia. O corpo da imperatriz, embora enegrecido, está preservado, inclusive cabelos, unhas e cílios. Entre as mãos de pele intacta, ela segura um crucifixo de madeira e metal.
O estudo também desmente a versão histórica - já próxima da categoria de “lenda” - de que a primeira mulher, Dona Leopoldina, teria caído ou sido derrubada por Dom Pedro de uma escada no palácio da Quinta da Boa Vista, então residência da família real. Segundo a versão, propalada por alguns historiadores, ela teria fraturado o fêmur. Nas análises no Instituto de Radiologia da USP, porém, não foi constatada nenhuma fratura nos ossos da imperatriz.
Futuro
“Unimos as ciências humanas, exatas e biomédicas com o objetivo de enriquecer a História do Brasil. A cripta imperial foi transformada em laboratório de especialidades, com profissionais usando os equipamentos mais modernos em prol da pesquisa histórica”, disse a pesquisadora, que trabalhou três anos sob sigilo acadêmico. “O material coletado será útil para que as pesquisas continuem em diversas áreas ao longo dos próximos anos.” As informações são do jornal O Estado de S.Paulo
Dona Amélia mumificada

Mãos de D. Amélia segurando um crucifixoFonte: Yahoo Notícias